O vidro insulado e as condições de conforto nas edificações

por:

Fernando Westphal

Tempo de leitura: 4 minutos

Vidro insulado

As discussões em torno da viabilidade de aplicação do vidro insulado no Brasil têm se intensificado nos últimos anos. Muitas vezes, a economia de energia não é o principal requisito para a tomada de decisão, e o mercado tem reconhecido os benefícios do produto como uma estratégia de melhoria nas condições de conforto nas edificações.

Conforto Térmico

A principal função do vidro insulado – e que dá origem ao seu nome – é o isolamento térmico. A câmara de ar entre os vidros dificulta a passagem de calor de um lado para o outro do envidraçamento. Isso funciona para as duas situações: frio e calor. Em climas muito frios, o vidro insulado evita a perda de calor de dentro da edificação para fora. Como consequência, o vidro interno fica numa temperatura mais próxima do ambiente interno, evitando aquela sensação de frio próximo a uma grande porta de vidro, por exemplo. Em climas quentes, ou mesmo em climas amenos, mas com incidência direta de sol sobre o envidraçamento, a câmara de ar bloqueia parte do ganho de calor de fora para dentro da edificação, deixando o vidro interno mais “fresco”, com temperatura próxima à do ar interno da edificação. Isso evita a sensação de calor quando se está próximo ao vidro.

Toda essa redução de ganho ou perda de calor, resulta em economia de energia se a edificação possui aquecimento artificial (em climas frios, evidentemente) ou ar-condicionado para resfriamento em climas quentes

Conforto Acústico

Na questão acústica, existe um pouco de confusão de conceitos e por isso vale a pena discorrer sobre algumas situações. Na verdade, se compararmos vidros insulados com monolíticos com mesmas espessuras totais de vidro, o isolamento acústico é praticamente o mesmo. Por exemplo, não há benefício algum trocar um vidro monolítico 8 mm por um vidro insulado de 4 mm + 25 mm de ar + 4 mm. Se utilizarmos uma câmara de ar menor, o desempenho do vidro insulado nessa situação é ainda pior do que o do vidro monolítico.

Mas esse tipo de substituição raramente ocorre. Devido a requisitos de segurança e dimensionamento das peças, ao migrar de um vidro de 8 mm para um insulado, certamente a nova composição terá pelo menos um vidro laminado de 6 mm e um temperado de 4 mm. Como já houve um aumento na espessura total de vidro, há um ganho em isolamento acústico, e há também o benefício de se utilizar espessuras diferentes. Essa estratégia permite que um vidro compense a deficiência de isolamento do outro. E se os dois vidros da composição insulada forem laminados, o desempenho será ainda melhor.

Então, geralmente há uma melhoria no isolamento porque acaba se utilizando espessuras maiores do que a situação original. Mas é importante destacar que o benefício acústico do vidro insulado não é proporcionado pela câmara de ar, mas sim pelo efeito de “desacoplamento”, ou seja, a separação em duas superfícies, que é o mesmo princípio que fundamenta o uso de paredes duplas, como o drywall.

Outra dúvida comum é acerca do uso de gases nobres preenchendo a câmara de ar, como o argônio ou xenônio. Esses gases podem ser utilizados para aumentar o isolamento térmico do vidro insulado, mas não resultam em incremento ao isolamento acústico.

Conforto Visual

Por fim, vale destacar que por meio de composições insuladas pode-se obter vidros mais transparentes e com bom desempenho térmico. Isso permite melhor aproveitamento da luz natural e menores taxas de reflexão no envidraçamento, tanto pelo lado externo, quanto interno da edificação. Essa característica tem sido muito desejada pela arquitetura atualmente. Por isso vejo as discussões em torno do vidro duplo, insulado, aumentarem nas mesas de projeto. Acho que veremos maior penetração desse produto no nosso mercado da construção civil nos próximos anos.

Torre São Paulo, no Complexo JK. Vidros insulados foram utilizados para alcançar elevado nível de eficiência energética para o prédio e conforto térmico interno.

por:

Fernando Westphal

Referência Bibliográfica:

Revista Contramarco

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