Neuroarquitetura
e o Vidro

A neurociência é a ciência que estuda o sistema nervoso e suas funcionalidades. Sabe-se que os primeiros padrões de escolha são formados ainda na primeira infância. De um modo geral tudo está correlacionado.

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por:

VIDRO CERTO e GRAZIELLA AGUIAR

Tempo de leitura: 5 minutos

O vidro é um dos elementos que vêm ganhando espaço nas construções, pela sociedade reconhecer seus diversos benefícios, mesmo sendo algumas vezes de forma empírica onde preferimos o vidro sem saber explicar exatamente os motivos que nos levam a esta preferência.

Neste documento vamos focar o uso em edificações, mas o vidro usado em vasilhames e utensílios também se diferencia de outros produtos, por prover sensações únicas para os usuários.

Veja: Vidro para vidrados no mundo https://www.youtube.com/watch?v=8bwGpiGmI4Y&t=5s

Para saber mais sobre Neuroarquitetura conversamos com a Graziella Aguiar, arquiteta e professora do curso de Neurociência e Arquitetura na Faculdade Bellas Artes de São Paulo. 

1. Como a Neuroarquitetura está diretamente ligada aos 5 sentidos? 

Costumo dizer que o sistema sensorial é o nosso radar. São os nossos sentidos que coletam todas as informações do ambiente que estamos para que nosso cérebro as analise e prepare uma resposta ou ação adequada. 

De maneira geral, nossos sentidos nos conectam com o mundo que habitamos, e a neurociência está interessada em desvendar os comportamentos resultantes dessa interação entre o homem e o espaço que vive. 

2. Por que aplicar a Neuroarquitetura na concepção dos projetos? 

A arquitetura coleta na neurociência informações para melhorar a experiência do seu usuário. Ou seja, a partir do conhecimento dos estímulos que o ambiente causa no indivíduo, o projeto passa a ter um propósito que vai além da interação primária, o arquiteto que projeta consciente dos efeitos que o projeto causa no usuário, está interessado não somente no bem-estar instantâneo, mas como a experiência do ambiente ficará na memória do indivíduo. 

Ao escolher um material ou definir um layout, o arquiteto se preocupa em como seu cliente poderá se adaptar fisiologicamente melhor no espaço projetado. 

3. Você poderia dar algumas dicas para aplicar a Neuroarquitetura na decoração? 

Tento passar para meus alunos a importância de conhecer o indivíduo para quem projeta, saber como aquele organismo interage com o mundo, o que ele traz de sinais que mostram suas valências positivas ou negativas ao interagir com determinados estímulos. Principalmente, é importante entender quais são as memórias que trazem bem-estar e aquelas que o deixam desconfortável. Eu sempre indico começar pela análise cultural e territorial do usuário, que condições climáticas e sobre quais influências culturais esse indivíduo formou seus padrões e como seria possível atingir uma interpretação positiva do espaço experienciado. 

4. Você desenvolveu o curso Neurociência e Arquitetura. De onde surgiu essa ideia? 

Meu primeiro contato com a Neurociência aplicada na arquitetura foi em um debate informal com arquitetos nos EUA. Quando voltei para o Brasil, procurei saber mais sobre o assunto, tive grande influência de arquitetas que já aplicavam esses conceitos na arquitetura comercial e hospitalar, mas queria ainda uma ferramenta que também pudesse atingir a área residencial. Na época ainda não existia cursos sobre o assunto em São Paulo. Foi então que decidi fazer um mestrado para pesquisar sobre o tema. Durante o mestrado montei o curso como parte do meu programa de estudo e ofereci para a faculdade. Para minha grata surpresa, foi incluído na grade extracurricular. 

O vidro e a Neuroarquitetura

Com a neurociência nós entendemos que projetamos considerando os estímulos sensoriais que os materiais provocam no usuário.  

Todo usuário tem uma relação íntima com cada material, e de acordo com a sua experiência o julga bom ou ruim.  

O vidro, por exemplo é um material que pode nos ajudar na criação de uma atmosfera de bem-estar. Ele conecta o exterior ao interior, em aberturas por exemplo, que espalham as correntes de ar natural e garantem a luminosidade.  

Em termos históricos o vidro sempre foi um material considerado nobre e utilizado desde tempos remotos. Historiadores consideram que as primeiras janelas com o material datam de 3000 anos atrás. Já os primeiros vitrais surgiram na Europa no século X. A utilização dos vitrais por parte da Igreja Católica, para além de retratar passagens bíblicas, também servia para criar uma atmosfera de devoção, pelo fato de que a luz natural que adentrava nas catedrais simulava a presença de Deus.  

Nos dias atuais, com o desenvolvimento tecnológico, uma das principais preocupações da indústria vidreira, no geral, é a otimização do material em todos os tipos de utilização. Segurança, conforto térmico e acústico, estética e eficiência energética. Por ser um material cem por cento reciclável, a utilização em outros processos produtivos também faz parte da cadeia industrial.  

Ou seja, o vidro estimula a conexão com o passado, a performance do presente e a previsão de um futuro sustentável.  

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VIDRO CERTO e GRAZIELLA AGUIAR

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