Palácio de Versalhes

Uma obra atemporal que homenageia o vidro

por:

VIDRO CERTO

A Galeria dos Espelhos de Versalhes

Tempo de leitura: 5 minutos

Este é o primeiro post da série O Vidro construindo a História, na qual você conhecerá grandes obras arquitetônicas que fazem parte da História da humanidade e como o vidro contribuiu para a imponência da sua construção.

O PALÁCIO

Versalhes era uma aldeia rural no século XVII, mas hoje com o crescimento de Paris, é considerada área do subúrbio de Paris. Foi o centro do poder do Antigo Regime na França graças ao seu palácio.

O Castelo de Versalhes era um simples castelo de caça construído pelo rei Luís XIII, mas passou a ser reformado e ampliado no reinado do seu sucessor, rei Luís XIV.

O projeto foi pensado pelo arquiteto Louis Le Vau para que o castelo se tornasse um centro da Corte Real, para assim centralizar também os poderes além das pessoas.

Houve quatro campanhas para construção do Palácio de Versalhes, cada uma focando em uma parte do palácio e ao término das guerras do rei.

O palácio serviu de moradia real de 1682 até a volta forçada da família real para Paris em 1789

A Galeria dos Espelhos

A Galerie des Glaces, como é conhecida em francês, tem esse nome graças a sua principal característica: ela possui 17 arcos recobertos por espelhos que refletem as 17 janelas também em arco que dão para o jardim. Cada arco contém 21 espelhos, totalizando o surpreendente montante de 357 espelhos utilizados na decoração da galeria, algo que hoje já seria um deslumbre, mas no século XVII foi revolucionário.

Essa galeria tão única não fazia parte dos planos originais da construção do palácio: inicialmente o arquiteto Louis Le Vau havia projetado um grande terraço que separava o apartamento do rei do apartamento da rainha. Mas por ser um caminho muito aberto e exposto de um apartamento a outro, na terceira campanha de construção do palácio, já sob o comando do arquiteto Jules Hardouin Mansart, a construção da Galeria dos Espelhos se apropriou de três quartos de cada apartamento e do terraço para a sua construção.

A construção da Galeria dos Espelhos se deu de 1678 a 1684 e se propôs a manter uma atmosfera que desse a sensação de natureza, pois as 17 enormes janelas permitem a entrada da luz solar e a invasão da linda paisagem dos jardins de Versalhes.

No cotidiano do palácio, a Galeria servia obviamente para passagem, mas também de sala de espera, encontros e era frequentada por cortesãos e o público visitante do palácio, mas raramente era um espaço de cerimônias.

Apesar disso, é com muito orgulho que os franceses lembram que a Galeria dos Espelhos foi o local escolhido para a assinatura do Tratado de Versalhes, aquele que oficializou o final da I Guerra Mundial.

Juntamente ao projeto da Galeria dos Espelhos, foi realizada também a construção de dois salões: o Salão da Guerra e o Salão da Paz, ambos decorados com paredes de mármore e troféus que exaltam as vitórias militares.

Os espelhos

Um ponto importante se de ressaltar é que no século XVII, o espelho era um dos itens mais caros e Veneza tinha o seu monopólio de fabricação.

Mas, graças as suas dimensões enormes e à filosofia mercantilista que exigia que todos os objetos utilizados na decoração de Versalhes fossem fabricados na França, o vidreiro Jean-Baptiste Colbert teria contratado vários trabalhadores de Veneza para trazer a tecnologia e o conhecimento para fabricação dos espelhos na França.

Diz a lenda que Veneza não teria gostado nada disso e enviou espiões para envenenar os trabalhadores trazidos de Veneza.

Verdade ou não, sabemos que a técnica de manufatura de espelhos desenvolvida pelos trabalhadores de Colbert foi tão eficaz a França chegou a interditar as importações de espelhos venezianos!

A empresa de Colbert foi fundada por ele mesmo em 1665 sob o nome de Manufacture royale des glaces, posteriormente passou a chamar Saint-Gobain e assim é conhecida até hoje.

A restauração

A Galeria dos Espelhos já passou por muita coisa! Parte da sua mobília já foi empenhada para financiar guerras e o espaço chegou a ser completamente abandonada durante a Revolução Francesa.

Mas a partir do século XIX passou por algumas reformas pontuais até que em 2004, sob a direção de Frédéric Didier, arquiteto responsável pelos monumentos históricos franceses, a galeria passou por uma restauração completa que pode reforçar todos os espelhos e mobiliário do espaço.

Essa restauração permitiu dar vida nova a 70% dos espelhos originais, mas 30% teve que ser trocado por espelhos de época (mas não originais) devido à ação do tempo e restauros mal realizados anteriormente.

Essa teria sido a primeira restauração completa que a galeria recebeu desde a sua inauguração em 1684.

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