Eficiência energética no setor
residencial
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“O Brasil é eficiente?” Comecei minha palestra com esta pergunta no VidroSom 2023, que ocorreu junto ao SAIE VETRO em Florianópolis no dia 1° de setembro. Claro que é uma pergunta capciosa. Se formos respondê-la com uma análise profunda sobre indicadores econômicos, como crescimento do PIB, resultado da balança comercial ou discorrer sobre qualidade dos serviços prestados à população, podemos chegar a resultados pouco animadores. Mas se formos restringir a análise ao uso e geração de energia no Brasil, nós somos um bom exemplo para o mundo. Demonstrei isso na palestra com alguns números, que trago resumidamente aqui.
Fontes Renováveis
Os dados do último Balanço Energético Nacional (BEN), publicado agora em 2023 pelo Ministério de Minas e Energia, apontam que 86% da eletricidade consumida no Brasil em 2022 foi gerada por fontes renováveis. Esse percentual é distribuído entre as usinas hidrelétricas, com 62% de participação do total da eletricidade gerada no país, seguido pela eólica (12%), biomassa (8%) e solar (4%). Se compararmos com outros países, nós somos referência em energia limpa. Os Estados Unidos têm apenas 19% da geração de eletricidade por fontes renováveis. A eletricidade consumida no país norte-americano utiliza como fontes principais o gás natural (32%), o carvão (26%) e a nuclear (22%). A Alemanha, país referência em promoção de geração de energia solar e eólica, teve apenas 41% de sua eletricidade gerada por fontes renováveis em 2021.
Consumo nas Residências
O tema do VidroSom deste ano era habitação de interesse social. O setor residencial no Brasil representou 27% do consumo total de eletricidade em 2022. O consumo médio mensal de eletricidade nas residências brasileiras é de cerca de 180kWh (quilowats-hora), resultando num consumo anual de 2.160kWh. Na Alemanha, o consumo médio de eletricidade nas residências é de 3.100kWh por ano, mas eles utilizam outras fontes para o aquecimento, especialmente gás natural, elevando o consumo para 18.000kWh, quando fazemos a conversão do volume de gás para kWh térmico. No Brasil, também são utilizadas outras fontes de energia nas residências, especialmente para a cocção de alimentos, como é o caso da lenha, que representa 26% da energia total consumida no setor, e o gás de cozinha, com 22% de participação. Adicionando essas fontes no cálculo, o consumo anual de energia de uma residência brasileira vai a 5.000kWh. Ainda assim, o uso na Alemanha é três vezes superior. Se compararmos com o perfil de consumo nos Estados Unidos, a diferença é ainda mais gritante. Uma residência na Flórida apresenta em média um consumo de eletricidade de 13.100kWh por ano, ou 1.090kWh por mês, o que representa seis vezes o valor brasileiro — sem contar as outras fontes de energia.
Condições Climáticas
Então, no setor residencial nós somos muito eficientes. Utilizamos menos energia e geramos eletricidade de forma mais limpa. É claro que somos agraciados com boas condições climáticas, que dispensam a necessidade de calefação ou uso de ar-condicionado de forma intensa ao longo do ano. E devemos continuar tirando proveito disso. Mesmo que a população venha a ter acesso facilitado a aparelhos de ar-condicionado no futuro, por consequência da evolução tecnológica e redução de custos, devemos trabalhar para que o uso seja restrito às épocas extremamente necessárias, quando o clima externo é desfavorável. Por isso é importante o esforço no desenvolvimento de projetos de edificações com alta eficiência, com o uso de vidros de controle solar, elementos de sombreamento e aproveitamento da luz do sol e ventilação natural.
Referência Bibliográfica:
Revista Contramarco
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