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Aplicações de Vidro

Eficiência Energética no setor residencial

Eficiência energética
no setor residencial

por:

Fernando Westphal

Tempo de leitura: 4 minutos

O Brasil é eficiente?

Comecei minha palestra com esta pergunta no Vidrosom 2023, que ocorreu junto a SAIE Vetro em Florianópolis no dia 1° de setembro. Claro que é uma pergunta capiciosa. Se formos respondê-la com uma análise profunda sobre indicadores econômicos, como crescimento do PIB, resultado da balança comercial ou discorrer sobre qualidade dos serviços prestados à população, podemos chegar a resultados pouco animadores. Mas se formos restringir a análise ao uso e geração de energia no Brasil, nós somos um bom exemplo para o mundo. Demonstrei isso na palestra com alguns números, que trago resumidamente aqui.

Os dados do último Balanço Energético Nacional (BEN), publicado agora em 2023 pelo Ministério de Minas e Energia, apontam que 86% da eletricidade consumida no Brasil em 2022 foi gerada por fontes renováveis. Esse percentual é distribuído entre as usinas hidrelétricas, com 62% de participação do total da eletricidade gerada no país, seguido pela eólica (12%), biomassa (8%) e solar (4%). Se compararmos com outros países, nós somos referência em energia limpa. Os Estados Unidos têm apenas 19% da geração de eletricidade por fontes renováveis. A eletricidade consumida no país norte-americano utiliza como fontes principais o gás natural (32%), o carvão (26%) e a nuclear (22%). A Alemanha, país referência em promoção de geração de energia solar e eólica, teve apenas 41% de sua eletricidade gerada por fontes renováveis em 2021.

O tema do Vidrosom deste ano era habitação de interesse social. O setor residencial no Brasil representou 27% do consumo total de eletricidade em 2022. O consumo médio mensal de eletricidade nas residências brasileiras é de cerca de 180 kWh, resultando num consumo anual de 2160 kWh. Na Alemanha, o consumo médio de eletricidade nas residências é de 3100 kWh por ano, mas eles utilizam outras fontes para o aquecimento, especialmente gás natural, elevando o consumo para 18000 kWh, quando fazemos a conversão do volume de gás para kWh térmico. No Brasil, também são utilizadas outras fontes de energia nas residências, especialmente para a cocção de alimentos, como é o caso da lenha, que representa 26% da energia total consumida no setor, e o gás de cozinha, com 22% de participação. Adicionando essas fontes no cálculo, o consumo anual de energia de uma residência brasileira vai a 5000 kWh. Ainda assim, o uso na Alemanha é três vezes superior. Se compararmos com o perfil de consumo nos Estados Unidos, a diferença é ainda mais gritante. Uma residência na Flórida apresenta em média um consumo de eletricidade de 13100 kWh por ano, ou 1090 kWh por mês, o que representa seis vezes o valor brasileiro – sem contar as outras fontes de energia.

Então, no setor residencial nós somos muito eficientes. Utilizamos menos energia e geramos eletricidade de forma mais limpa. É claro que somos agraciados com boas condições climáticas, que dispensam a necessidade de calefação ou uso de ar-condicionado de forma intensa ao longo do ano. E devemos continuar tirando proveito disso. Mesmo que a população venha a ter acesso facilitado a aparelhos de ar-condicionado no futuro, por consequência da evolução tecnológica e redução de custos, devemos trabalhar para que o uso seja restrito às épocas extremamente necessárias, quando o clima externo é desfavorável. Por isso é importante o esforço no desenvolvimento de projetos de edificações com alta eficiência, com o uso de vidros de controle solar, elementos de sombreamento e aproveitamento da luz do sol e ventilação natural.

por:

Fernando Westphal

Referência Bibliográfica:

Revista Contramarco

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O portal Vidro Certo é uma iniciativa da ABIVIDRO, e segue suas diretrizes de Política de Privacidade.

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Aplicações de Vidro

O vidro insulado e as condições de conforto nas edificações

O vidro insulado e as condições de conforto nas edificações

por:

Fernando Westphal

Tempo de leitura: 4 minutos

Vidro insulado

As discussões em torno da viabilidade de aplicação do vidro insulado no Brasil têm se intensificado nos últimos anos. Muitas vezes, a economia de energia não é o principal requisito para a tomada de decisão, e o mercado tem reconhecido os benefícios do produto como uma estratégia de melhoria nas condições de conforto nas edificações.

Conforto Térmico

A principal função do vidro insulado – e que dá origem ao seu nome – é o isolamento térmico. A câmara de ar entre os vidros dificulta a passagem de calor de um lado para o outro do envidraçamento. Isso funciona para as duas situações: frio e calor. Em climas muito frios, o vidro insulado evita a perda de calor de dentro da edificação para fora. Como consequência, o vidro interno fica numa temperatura mais próxima do ambiente interno, evitando aquela sensação de frio próximo a uma grande porta de vidro, por exemplo. Em climas quentes, ou mesmo em climas amenos, mas com incidência direta de sol sobre o envidraçamento, a câmara de ar bloqueia parte do ganho de calor de fora para dentro da edificação, deixando o vidro interno mais “fresco”, com temperatura próxima à do ar interno da edificação. Isso evita a sensação de calor quando se está próximo ao vidro.

Toda essa redução de ganho ou perda de calor, resulta em economia de energia se a edificação possui aquecimento artificial (em climas frios, evidentemente) ou ar-condicionado para resfriamento em climas quentes

Conforto Acústico

Na questão acústica, existe um pouco de confusão de conceitos e por isso vale a pena discorrer sobre algumas situações. Na verdade, se compararmos vidros insulados com monolíticos com mesmas espessuras totais de vidro, o isolamento acústico é praticamente o mesmo. Por exemplo, não há benefício algum trocar um vidro monolítico 8 mm por um vidro insulado de 4 mm + 25 mm de ar + 4 mm. Se utilizarmos uma câmara de ar menor, o desempenho do vidro insulado nessa situação é ainda pior do que o do vidro monolítico.

Mas esse tipo de substituição raramente ocorre. Devido a requisitos de segurança e dimensionamento das peças, ao migrar de um vidro de 8 mm para um insulado, certamente a nova composição terá pelo menos um vidro laminado de 6 mm e um temperado de 4 mm. Como já houve um aumento na espessura total de vidro, há um ganho em isolamento acústico, e há também o benefício de se utilizar espessuras diferentes. Essa estratégia permite que um vidro compense a deficiência de isolamento do outro. E se os dois vidros da composição insulada forem laminados, o desempenho será ainda melhor.

Então, geralmente há uma melhoria no isolamento porque acaba se utilizando espessuras maiores do que a situação original. Mas é importante destacar que o benefício acústico do vidro insulado não é proporcionado pela câmara de ar, mas sim pelo efeito de “desacoplamento”, ou seja, a separação em duas superfícies, que é o mesmo princípio que fundamenta o uso de paredes duplas, como o drywall.

Outra dúvida comum é acerca do uso de gases nobres preenchendo a câmara de ar, como o argônio ou xenônio. Esses gases podem ser utilizados para aumentar o isolamento térmico do vidro insulado, mas não resultam em incremento ao isolamento acústico.

Conforto Visual

Por fim, vale destacar que por meio de composições insuladas pode-se obter vidros mais transparentes e com bom desempenho térmico. Isso permite melhor aproveitamento da luz natural e menores taxas de reflexão no envidraçamento, tanto pelo lado externo, quanto interno da edificação. Essa característica tem sido muito desejada pela arquitetura atualmente. Por isso vejo as discussões em torno do vidro duplo, insulado, aumentarem nas mesas de projeto. Acho que veremos maior penetração desse produto no nosso mercado da construção civil nos próximos anos.

Torre São Paulo, no Complexo JK. Vidros insulados foram utilizados para alcançar elevado nível de eficiência energética para o prédio e conforto térmico interno.

por:

Fernando Westphal

Referência Bibliográfica:

Revista Contramarco

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Tendências 2024

Design passivo

Tendências para a construção civil em 2024

Design Passivo

por:

Equipe Vidro Certo

Tempo de leitura: 4 minutos

A pauta da sustentabilidade ganhou muito destaque no final de 2023. Seja por eventos globais como a COP28 ou o número crescente de catástrofes climáticas, a população passou a cobrar mais comprometimento de governos e empresas com relação a este tema. E no setor da construção civil não poderia ser diferente! 

Para 2024 arquitetos, construtoras, engenheiros e demais agentes do setor vão precisar  focar mais no Design Passivo.

Afinal, o que é o Design Passivo? 

É uma série de princípios que orientam os profissionais à otimização da relação entre o meio ambiente e a construção. Sempre promovendo o uso de elementos naturais como a luz solar, sombreamento, os ventos e águas da chuva para oferecer itens como iluminação, conforto térmico e ventilação. 

Como aplicar o Design Passivo no projeto? 

O ideal é que ele seja pensado já na fase de concepção do projeto, uma vez que é necessária a análise do terreno e orientação solar, por exemplo, porém, é sempre possível pensar na otimização das edificações que já estejam concluídos ou mesmo em andamento. 

Quais as vantagens do Design Passivo? 

Como se basear na sinergia entre a construção e os recursos naturais à disposição, quando falamos sobre conforto térmico, por exemplo, o Design Passivo irá promover um ambiente confortável tanto no verão como no inverno para ter algo agradável ao longo de todo o ano.

Por outro lado, quando olhamos para o consumo, percebemos que o Design Passivo pode ser mais econômico pois esta mesma sinergia será benéfica para a redução do uso de ar-condicionados, iluminação artificial e até mesmo uso da água, uma vez que os projetos que se utilizam deste conceito geralmente preveem o uso de sistemas de captação de águas da chuva, por exemplo.

E como o Vidro conversa com o Design Passivo?

O vidro é um forte aliado do Design Passivo pois, logo em primeira análise conseguem otimizar a temperatura dos ambientes, como é possível estudar no nosso Guia de Eficiência Energética ou até mesmo nas aulas do Educavidro

Além do mais, o uso dos vidros no Design Passivo é essencial para garantir a otimização da luz natural nos ambientes onde podemos pensar em aplicações como claraboias e coberturas, fachadas e até mesmo piscinas. Vidros de controle solar ou insulados podem proporcionar a entrada de luz ao mesmo tempo que diminuem a entrada de calor nos ambientes.

Nesta discussão, podemos até mesmo pensar na utilização de vidros sob uma perspectiva energética, usando vidros fotovoltaicos que farão com que a edificação também produza energia.  

A construção em 2024 passa, essencialmente, pelo vidro.

De uma maneira geral, quando pensamos no meio ambiente, na construção civil e como unir estes dois universos, precisamos pensar no vidro. Seja no design passivo ou em outras tendências, o vidro será um aliado poderoso para a redução da pegada de carbono das construções e do consumo de energia uma vez que o projeto preconize práticas sustentáveis e as pessoas usufruam dos ambientes de modo consciente, sejam eles comerciais ou residenciais. 

por:

Equipe Vidro Certo

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Aplicações de Vidro Entrevistas Home

Eficiência energética no setor residencial

Eficiência energética no setor
residencial

por:

Fernando Westphal

Tempo de leitura: 4 minutos

“O Brasil é eficiente?” Comecei minha palestra com esta pergunta no VidroSom 2023, que ocorreu junto ao SAIE VETRO em Florianópolis no dia 1° de setembro. Claro que é uma pergunta capciosa. Se formos respondê-la com uma análise profunda sobre indicadores econômicos, como crescimento do PIB, resultado da balança comercial ou discorrer sobre qualidade dos serviços prestados à população, podemos chegar a resultados pouco animadores. Mas se formos restringir a análise ao uso e geração de energia no Brasil, nós somos um bom exemplo para o mundo. Demonstrei isso na palestra com alguns números, que trago resumidamente aqui.

Fontes Renováveis

Os dados do último Balanço Energético Nacional (BEN), publicado agora em 2023 pelo Ministério de Minas e Energia, apontam que 86% da eletricidade consumida no Brasil em 2022 foi gerada por fontes renováveis. Esse percentual é distribuído entre as usinas hidrelétricas, com 62% de participação do total da eletricidade gerada no país, seguido pela eólica (12%), biomassa (8%) e solar (4%). Se compararmos com outros países, nós somos referência em energia limpa. Os Estados Unidos têm apenas 19% da geração de eletricidade por fontes renováveis. A eletricidade consumida no país norte-americano utiliza como fontes principais o gás natural (32%), o carvão (26%) e a nuclear (22%). A Alemanha, país referência em promoção de geração de energia solar e eólica, teve apenas 41% de sua eletricidade gerada por fontes renováveis em 2021.

Consumo nas Residências

O tema do VidroSom deste ano era habitação de interesse social. O setor residencial no Brasil representou 27% do consumo total de eletricidade em 2022. O consumo médio mensal de eletricidade nas residências brasileiras é de cerca de 180kWh (quilowats-hora), resultando num consumo anual de 2.160kWh. Na Alemanha, o consumo médio de eletricidade nas residências é de 3.100kWh por ano, mas eles utilizam outras fontes para o aquecimento, especialmente gás natural, elevando o consumo para 18.000kWh, quando fazemos a conversão do volume de gás para kWh térmico. No Brasil, também são utilizadas outras fontes de energia nas residências, especialmente para a cocção de alimentos, como é o caso da lenha, que representa 26% da energia total consumida no setor, e o gás de cozinha, com 22% de participação. Adicionando essas fontes no cálculo, o consumo anual de energia de uma residência brasileira vai a 5.000kWh. Ainda assim, o uso na Alemanha é três vezes superior. Se compararmos com o perfil de consumo nos Estados Unidos, a diferença é ainda mais gritante. Uma residência na Flórida apresenta em média um consumo de eletricidade de 13.100kWh por ano, ou 1.090kWh por mês, o que representa seis vezes o valor brasileiro — sem contar as outras fontes de energia.

Condições Climáticas

Então, no setor residencial nós somos muito eficientes. Utilizamos menos energia e geramos eletricidade de forma mais limpa. É claro que somos agraciados com boas condições climáticas, que dispensam a necessidade de calefação ou uso de ar-condicionado de forma intensa ao longo do ano. E devemos continuar tirando proveito disso. Mesmo que a população venha a ter acesso facilitado a aparelhos de ar-condicionado no futuro, por consequência da evolução tecnológica e redução de custos, devemos trabalhar para que o uso seja restrito às épocas extremamente necessárias, quando o clima externo é desfavorável. Por isso é importante o esforço no desenvolvimento de projetos de edificações com alta eficiência, com o uso de vidros de controle solar, elementos de sombreamento e aproveitamento da luz do sol e ventilação natural.

Conheça o curso Introdução a Eficiência Energética

Imagem mostrando um prédio com fachada de vidro do lado direito no fim de tarde com um andar iluminado.

por:

Fernando Westphal

Referência Bibliográfica:

Revista Contramarco

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Entrevistas Home Tipos de Vidro

Vidros podem ser dinâmicos, ativos e inovadores

Vidros podem ser dinâmicos,
ativos e inovadores

por:

Fernando Westphal

Tempo de leitura: 4 minutos

O projeto de uma fachada eficiente em climas tropical, subtropical e temperado é sempre um grande desafio. Embora tenhamos que reduzir o ganho de calor no verão, também é necessário vencer o frio rigoroso do inverno, especialmente em edificações residenciais, onde existem poucas fontes de calor interno para aquecer naturalmente o ambiente. Esses climas são predominantes na maior parte do Brasil. Pensando nos vidros, seja para instalação em esquadrias ou fachadas-cortina, a questão pode ser complexa. A necessidade de redução significativa do ganho de calor pode levar a soluções que resultem na diminuição da luz natural no ambiente interno. Em geral, os vidros de controle solar de alta eficiência tendem a ser mais escuros ou refletivos do que um vidro incolor comum. Elementos de proteção solar, como brises e venezianas, podem ter um bom resultado na redução do calor interno, mas também promovem obstrução do contato visual com o exterior e acesso à luz. O projeto precisa ser bem elaborado, considerando o desenho dos brises em conjunto com a especifi cação do vidro. O ideal é que o elemento de proteção seja móvel, permitindo o bloqueio do sol quando necessário para reduzir o calor e excesso de luz, mas admitindo-o quando o clima estiver frio ou quando há possibilidade de maior iluminação natural. Todo elemento móvel numa fachada já desperta um alerta para o proprietário da edificação: a necessidade de manutenção. Isso torna-se um empecilho no desenvolvimento e aplicação da estratégia.

Solução a caminho

E se esse controle pudesse ser aplicado diretamente o vidro? Isso já é possível por meio de vidros dinâmicos, ou ativos, que podem ter suas características alteradas durante o uso, agindo ativamente sobre o desempenho da edificação. Nesta lista, podemos citar os vidros eletrocrômicos e os termocrômicos. Os primeiros têm sua capacidade de transmissão de luz e calor alteradas por uma corrente elétrica, podendo ser automatizada por meio de sensores ou manual por acionamento do usuário. Já os vidros termocrômicros têm sua transmissão de luz e calor alterada de acordo com a temperatura do vidro. Existem revestimentos (coatings) e películas para esse tipo de comportamento, sendo aplicados a vidros laminados, da mesma forma como os eletrocrômicos. Materiais mais avançados permitem reduzir significativamente o ganho de calor enquanto mantêm alta transparência à luz.

Aerogel

Na verdade, as tecnologias recentes e mais inovadoras no mercado vidreiro têm surgido para aplicação no interlayer de vidros laminados ou no preenchimento da câmara de ar dos vidros insulados. É o caso do aerogel. Um material extremamente leve, isolante e translúcido, que aplicado ao vidro insulado pode proporcionar o redirecionamento da luz e aumentar o isolamento térmico da composição. Talvez não seja o caso de aplicação no Brasil para a função de barrar o calor em esquadrias comuns, mas pode ser uma estratégia interessante na execução de paredes leves e translúcidas, substituindo materiais opacos tradicionais, como a alvenaria, o drywall e o concreto. Na mesma linha, de substituir materiais tradicionais, o vidro fotovoltaico, com a laminação de células para geração de energia entre chapas de vidro, pode substituir materiais de revestimento, como cerâmica, pedras naturais e outros compostos minerais. Proporcionam a durabilidade, facilidade de manutenção e estética do vidro, enquanto produzem energia elétrica por décadas. Com a redução do custo das células de silício ocorrida nos últimos anos, a viabilidade desse tipo de solução é economicamente atrativa mesmo em fachadas onde a incidência de sol não é privilegiada.

foto: empa

Conheça o curso Introdução a Eficiência Energética

Imagem mostrando um prédio com fachada de vidro do lado direito no fim de tarde com um andar iluminado.

por:

Fernando Westphal

Referência Bibliográfica:

Revista Contramarco

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Aplicações de Vidro Entrevistas

Entrevista: Fernando Westphal fala sobre o livro “Vidro Plano para Edificações”

Entrevistas

Livro
"Vidro Plano para Edificações"

O Vidro Certo conversou com o professor Fernando Westphal sobre o livro “Vidro plano para edificações”, que foi lançado pela editora Oficina de Textos.

por:

Portal Vidro Certo

Tempo de leitura: 8 minutos

Temos certeza de que esse trabalho será muito útil para todos os envolvidos em processos construtivos, principalmente arquitetos, engenheiros, especificadores, vidraceiros e projetistas. O Vidro Certo não poderia ficar de fora!

Abaixo, você pode conferir os principais pontos desse bate-papo, em que o autor relata os maiores desafios e os principais aprendizados que obteve ao longo do processo, além de valiosas dicas para profissionais da área.

Professor, recebemos com grande satisfação a notícia sobre o lançamento do seu livro. É, sem dúvida, uma obra significativa para o setor. O interesse em publicá-lo teve uma motivação especial? O senhor é professor nessa área há bastante tempo. Por que lançar essa obra agora?

“A motivação principal foi o fato de não existir publicações nacionais tratando dos aspectos técnicos e das propriedades físicas do vidro plano e suas aplicações em edificações. Sou professor nessa área há 12 anos, mas trabalho com pesquisa e consultoria há mais de 20 anos, e percebi que existe uma carência de bibliografia sobre o assunto. O que encontramos são catálogos dos fabricantes de vidros, que embora tenham um conteúdo rico sobre o assunto, sempre possuem uma tendência de mercado que eu gostaria de evitar em uma publicação isenta.

Quais os principais desafios que os profissionais da área de construção civil encontram na execução de bons projetos com fachadas de vidro no Brasil? E no que se refere a uso interno, como divisórias, guarda-peitos, tetos e outros?

“Ainda existe pouca difusão de informação técnica acerca das propriedades dos vidros de alto desempenho e muitos projetistas desconhecem o potencial de economia de energia com produtos de controle solar e vidros insulados. Há muito preconceito quanto ao uso de fachadas envidraçadas em climas quentes, mas os estudos indicam que é possível projetar uma edificação com alto grau de transparência, eficiência energética e conforto, desde que se utilize os produtos adequados. Nos últimos anos, houve uma disseminação de projetos de edifícios corporativos no Brasil com fachadas em pele de vidro, e que receberam certificações ambientais de desempenho, comprovando que é possível adotar esse partido arquitetônico com alta eficiência energética. O livro dá ênfase nos critérios de desempenho térmico, acústico e lumínico do vidro, e resume os requisitos que norteiam a especificação dos vidros para fachadas para o alcance de alta eficiência.  

Curiosamente, para as aplicações internas o vidro é bem aceito e tem substituído os materiais convencionais. Entretanto, também existe uma carência de formação técnica mais aprofundada em toda a cadeia videira, pois ainda é comum a verificação de instalações fora dos padrões normativos de segurança. “

É notório que o uso do vidro nas fachadas de edificações vem crescendo no País, em especial nos edifícios nos grandes centros urbanos. A que o senhor atribui esse crescimento?

“Existe um desejo natural das pessoas por edificações mais integradas ao ambiente externo. Estudos científicos comprovam a preferência das pessoas em trabalhar e viver em ambientes com maior área de janela e maior integração visual com o exterior. Vale ressaltar que o prêmio Nobel de medicina de 2017 foi concedido aos três pesquisadores que desvendaram o mecanismo do ciclo circadiano dos seres vivos. Para termos uma vida saudável precisamos estar sujeitos aos ciclos naturais de variação entre dia e noite, por isso é importante nosso contato com o ambiente externo. Esse contato evita problemas de saúde comuns da vida moderna, como hipertensão e depressão.  

Mas não é apenas pela transparência e efeito estético que o vidro tem sido escolhido como material de fechamento das fachadas. O vidro demanda baixo custo de manutenção, pois requer apenas limpeza periódica, mas são raros os casos de necessidade de reposição ou deterioração, comum a outros materiais de revestimento de fachadas. Além disso, a execução de fachadas em pele de vidro é mais limpa e rápida, agilizando a entrega das obras. Esse efeito econômico nos empreendimentos é de extrema importância. É um dos poucos materiais que permite a industrialização das fachadas, com agilidade, baixo desperdício e baixo custo de manutenção.” 

Os usuários desses edifícios sabem os benefícios que o vidro pode trazer à vida deles e ao meio ambiente? 

Isso é difícil de afirmar com certeza. Mas por experiência própria, por vivência, verifico que profissionais da área da construção civil e estudantes dos cursos de graduação em arquitetura e engenharia têm pouco conhecimento sobre os potenciais do vidro nas edificações. O consumidor final, menos ainda. Essa lacuna precisa ser preenchida e é importante que o setor produtivo atue neste sentido, de disseminação de conteúdo junto ao público em geral.

O senhor considera que já há um uso mais consciente dos variados tipos de vidro para fachadas, como os de controle térmico e isolamento acústico? Ainda há muita desinformação por parte dos profissionais? Como seria possível corrigir essa deficiência?

“Em países desenvolvidos esse conhecimento está consolidado. No Brasil, o uso de vidros de alto desempenho ainda é restrito às grandes obras ou àquelas de alto padrão. Ainda existe, de fato, uma carência de formação qualificada entre os especificadores, ou seja, os arquitetos. Estamos trabalhando para corrigir essa deficiência por meio de divulgação de material técnico e palestras.

O livro é uma das ações neste sentido e por isso recebeu o apoio da ABIVIDRO. Mas acredito que uma atuação mais efetiva deve ser promovida junto às universidades, como a criação de disciplina específica sobre o vidro plano nos cursos de arquitetura e urbanismo e engenharia civil. Geralmente esses cursos trazem disciplinas voltadas à aplicação do concreto armado, estruturas de aço e madeira, que consistem na cultura de construção brasileira. Mas percebo que atenção desproporcional é dada ao vidro e às esquadrias, que correspondem a itens importantes de influência no conforto ambiental interno das edificações e consequente impacto no consumo de energia.”

De acordo com seus estudos, o uso correto do vidro de controle térmico pode reduzir em quanto o consumo de energia em um apartamento localizado em São Paulo, por exemplo?

“É difícil de generalizar, mas dependendo da planta, orientação solar e uso do apartamento, em São Paulo pode-se chegar a economia da ordem 20% do uso de energia em climatização quando se utiliza um vidro de controle solar em vez de vidro incolor comum.

É possível dizer que o Brasil está caminhando para o correto uso de vidro em fachadas, com especificações adequadas para obter bons resultados? Onde estão os maiores gargalos para a especificação correta do material? Em que fase do processo construtivo?

“Sim. O Brasil está no caminho certo. E isso ocorre em parte devido a proliferação da certificação LEED. São quase 1000 empreendimentos certificados no país. Não posso afirmar com certeza, mas arrisco dizer que todos eles possuem vidros de controle solar. Todos os fabricantes de vidro utilizam como exemplos para divulgar seus produtos de controle solar algum prédio certificado LEED. Eu enxergo um obstáculo maior na proliferação dos vidros de alto desempenho nos edifícios residenciais, que ainda utilizam vidros incolores em sua maioria. Nessas situações, acho que o gargalo está no fornecedor das esquadrias, que no geral desconhece os benefícios dos vidros de controle solar e dá uma atenção maior aos benefícios do seu produto, ou seja, no perfil e no sistema de esquadria.”

A utilização de vidros especiais nas fachadas deixa o projeto mais caro? Ou o eventual acréscimo do valor é compensado com economia de energia e outros benefícios?

“Sim. O projeto fica mais caro quando se utiliza vidro de controle solar, comparado ao vidro incolor. Mas se avaliarmos o benefício obtido em economia de energia, também em relação ao vidro incolor, na maioria das situações o investimento se paga em menos de 2 anos, apenas com economia de energia em ar-condicionado. Dependendo do clima, essa economia é imediata, apenas com a redução da capacidade instalada em ar-condicionado.”

Pode citar exemplos de projetos bem executados, ou seja, aqueles em que o vidro foi usado de forma correta tirando vantagem dos benefícios que o material apresenta – seja de construção ou mudança para fachadas vidro?

“O Edifício Multiplan Morumbi Corporate, Torres Gold e Diamond, em São Paulo, que tiveram os vidros de fachada especificados por meio de simulação computacional durante a fase de concepção de projeto, resultando em um empreendimento de alto padrão, com certificação LEED Gold.  

Outro exemplo, com desempenho exemplar, é o Edifício Vera Cruz II, também em São Paulo, na Faria Lima, que teve toda a concepção de fachada também avaliada por simulação computacional. Neste projeto, nós conduzimos a avaliação de mais de 20 especificações de vidros de controle solar e insulados, estudando o impacto na carga térmica e aproveitamento da luz natural. O vidro utilizado foi um insulado, com o objetivo principal de se alcançar melhores condições de conforto térmico interno.”

Por fim, que dica daria para o profissional que pretende executar uma obra com vidro para que alcance bons resultados? 

“Para edifícios comerciais no Brasil, comece pesquisando por especificações de vidro com fator solar abaixo de 0,40 e transmissão luminosa em torno de 40%. Isso para projetos que tenham área de janela entre 40% e 50% da fachada. O ideal é utilizar vidros com reflexão luminosa abaixo de 20%, para evitar a reflexão excessiva, tanto externa, quanto internamente. Por fim, estude sobre as propriedades ópticas dos vidros para entender o porquê dessas recomendações. O livro pode ser um ótimo ponto de partida! “

por:

Portal Vidro Certo

CONHEÇA O AUTOR

Fernando Simon Westphal é engenheiro civil formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde também desenvolveu seu mestrado e doutorado com ênfase em eficiência energética em edificações. É professor nos cursos de graduação e pós-graduação em arquitetura e urbanismo na UFSC e atua como consultor em projetos de edificações de alto desempenho no Brasil. 

Se ficou interessado em conferir o trabalho do professor Fernando Westphal, o livro está disponível clicando no botão abaixo.

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Normas e Práticas Recomendadas

O que é a ABNT?

O que é a ABNT e
seus Comitês Técnicos?

por:

Flávia Baldini

Tempo de leitura: 4 minutos

ABNT

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – é uma associação privada que teve origem em 1940 com a premissa de ser o órgão responsável pelo elaboração e controle de normas e regras técnicas que visam garantir padrão de qualidade, eficácia e segurança na indústria, comércio, prestação de serviços ou no desenvolvimento de trabalhos acadêmicos. 

Usadas para garantir a uniformidade da produção, as normas ABNT costumam ser baseadas em normas internacionais ISO – International Organization for Standardization – e IEC – International Electrotechnical Commission – por exemplo, ou em estudos e trabalhos científicos de setores específicos. 

Comitês Técnicos ABNT 

Os Comitês Técnicos da ABNT são órgãos da estrutura da ABNT que tem como objetivo coordenar, planejar e executar as atividades de normalização de cada área de interesse, de modo a garantir a qualidade das normas e a sua revisão periódica para que estas se mantenham sempre atualizadas e em conformidade com normas similares internacionais e adaptadas à realidade brasileira. 

Os Comitês Técnicos são uma composição de Comitê Brasileiro, Organismo de Normalização Setorial (ABNT/ONS) e Comissão de Estudo Especial (ABNT/CEE), sendo este último parte dos dois primeiros. 

É voluntária e aberta a participação nestes comitês, sendo possível a qualquer pessoa o cadastro e o acompanhamento dos trabalhos. Normalmente, os comitês são formados por diversas entidades da classe interessadas na norma em questão, como representantes de órgãos públicos e privados, fabricantes, distribuidores, prestadores de serviço e pessoas da área acadêmica. 

Quando há a manifestação de uma demanda específica, é feita a avaliação de sua viabilidade e, quando pertinente, a nova solicitação é encaminhada ao comitê responsável e, na ausência deste, é criado um novo comitê para atender esta demanda e dar início aos trabalhos de revisão e/ou criação de uma nova norma NBR. 

Comitês com participação do setor do Vidro  

O principal comitê de participação do vidro é o Comitê Brasileiro de Vidros Planos, chamado de ABNT/CB – 037, que atualmente é secretariado pela Abravidro. Este comitê tem sob sua responsabilidade as normas ABNT NBR 7199: 2016 – Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações, a ABNT NBR 14697:2001 – Vidros Planos, ABNT NBR 14698:2001 – Vidro Temperado, entre outras. 

 

As entidades do vidro também participam ativamente em diversas comissões de estudo que exemplificamos algumas: Comissão de Estudo da ISO 9050 (Glass in building Determination of light transmittance, solar direct transmittance, total solar energy transmittance, ultraviolet transmittance and related glazing factors) de Eficiência Energética e Desempenho Térmico nas Edificações, norma que aborda as propriedades térmicas do vidro e suas medições e está sendo adaptada à realidade brasileira; do Grupo de Trabalho de Esquadrias e Vidros, traduzindo a ISO 10077, que aborda a eficiência energética das esquadrias; da Comissão de Estudos de Iluminação Natural, revisando a ABNT NBR 15215; que são parte do ABNT/CB – 002 Construção Civil, entre outras. 

 

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por:

Flávia

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Arquitetura Museus pelo Mundo

Museu Van Gogh

Série: Museus pelo Mundo

Museu Van Gogh

por:

Flávia Baldini

Tempo de leitura: 4 minutos

A ideia da criação de um museu para acomodar o acervo de obras do pintor Vincent van Gogh teve inicio quando seu espólio foi herdado pelo sobrinho do pintor que, juntamente com o governo dos Países Baixos, viu a importância de celebrar e expor a impressionante coleção.

A responsabilidade de projetar o edifício que abrigaria o Museu Van Gogh foi assumida pelo arquiteto holandês Gerrit Rietveld e seu colega J. van Dillen em 1963. Porém, após a morte de ambos, o projeto passou para as mãos de J. van Tricht, de quem recebeu pequenos ajustes ao design original sendo finalizado apenas em 1973.

Entre as demandas levantadas na concepção do projeto estavam a escala do museu em relação aos edifícios do entorno e um átrio principal com incidência de muita luz natural. Entre os principais destaques deste projeto estão a escada em balanço no centro do átrio e a progressiva diminuição da área de cada andar conforme se vai subindo pelo edifício, de modo a proporcionar a visão das galerias abaixo através do átrio principal.

            Assim como muitos museus pelo mundo, o crescente fluxo de visitantes fez com que o museu – e sua ala de exposições projetada em 1999 pelo arquiteto japonês Kisho Kurokawa – necessitasse de uma nova entrada que fosse capaz de originar um novo “todo” surpreendente e ao mesmo tempo se integrar à Museumplein – a Praça dos Museus – onde foi construída.

Projetada pelo escritório Kisho Kurokawa Architect & Associates, a nova entrada tem o vidro – duplo – como elemento construtivo principal, estando presente na fachada, cobertura e escadaria, e garante ao edifício o título de maior vão de vidro da Holanda e uma estrutura de aço inovadora para garantir a estabilidade da cobertura.

Com área total aproximada de 650 m2, a fachada é constituída por placas duplas de vidro laminadas dobradas a frio, onde suas formas foram moldadas in loco durante a instalação. A cobertura de 600 m2 possui formato de concha, ângulo de 16,5o e 30 aletas únicas em comprimento e com altura suficiente para evidenciar ainda mais a curvatura do telhado. Vista como elemento de design no edifício,  a escada de vidro é suportada por um vidro laminado triplo em arco que transfere as cargas elevadas e a estabiliza.

“Asseguramos que o novo hall de entrada seja claro e espaçoso. Queremos capturar a atmosfera ensolarada, o que vimos refletidas em muitas pinturas de Van Gogh. Desenvolvemos uma estrutura de suporte exclusiva para o telhado de vidro, que dificilmente será notada. Ao entrar no museu, você pensa: como todo esse edifício de vidro é suportado? E o que você experimenta é luz, espaço e uma visão geral. A clareza é extremamente importante, talvez o mais importante. As pessoas têm que perceber que um museu é um edifício público, onde todos os dias milhares de visitantes, muitos estrangeiros também, muitas vezes o vêm pela primeira vez. Precisamos fornecer clareza. Os visitantes não querem perder nada, eles precisam entender imediatamente qual caminho a percorrer, como é grande o museu e quanto tempo eles levarão para vê-lo. Quando eles se sentem em casa e à vontade, eles vão ficar por mais tempo e um dia voltarão”.

Fala do arquiteto Hans van Heeswijk.

por:

Flávia

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Arquitetura Museus pelo Mundo

Museu de Astronomia de Xangai

Série: Museus pelo Mundo

Museu de Astronomia de Xangai

por:

Flávia Baldini

Tempo de leitura: 4 minutos

Projetado pelo escritório Ennead Architects, o Shangai Astronomy Museum tem 38 mil metros quadrados e é uma filial do Museu de Ciência e Tecnologia de Xangai. Com o propósito de evidenciar os trabalhos e pesquisas da China, nos campos da astronomia e em projetos espaciais, o museu abriga exposições permanentes com instrumentos de exploração espacial, meteoritos e rochas vindos de Marte, da Lua e do asteroide Vesta, além de exposições temporárias. 

“Tomando como inspiração alguns princípios astronômicos, nossa estratégia de projeto oferece uma plataforma para a experiência do movimento orbital, utilizando-o como referência metafórica e gerador da forma” descrição feita pelo escritório Ennead Architects sobre o projeto.

O conceito do museu foi idealizado para representar o universo em um projeto que faz alusão às órbitas dos corpos celestes em um edifício com uma arquitetura de complexas formas curvas e nenhum ângulo ou linha reta, como é o cosmos. Cada uma das três formas principais do complexo, que representam a trajetória do sol, da lua e das estrelas, formam o Domo Invertido, a Esfera e o Oculus. 

Posicionado acima da entrada principal, o Oculus é uma abertura circular que permite a entrada da luminosidade formando um relógio solar para retratar a passagem do tempo, em especial a relação entre os movimentos da terra e do sol e as estações. Ao meio dia no solstício de verão, a luz forma um círculo completo que se alinha perfeitamente com a plataforma circular na praça de entrada do Museu. 

A Esfera que pende do telhado “suspensa” no centro do complexo abriga o Teatro Planetário e, à medida que se caminha pelo edifício, a esfera emerge gradualmente representando o nascer da Lua no horizonte da Terra. Visível de boa parte do edifício, ela é um ponto de referência sempre acompanhando os visitantes, um skyline contínuo em torno daquela permite a entrada da luz solar. 

E a estrutura de vidro na linha do telhado e acima do átrio central é o Domo Invertido, a terceira estrutura da obra que oferece aos visitantes uma experiência sob o céu diurno e noturno. O acesso ao local é feito através de uma rampa espiral de 720 graus de dentro do museu e debaixo da cúpula invertida que direciona o caminho dos visitantes ao longo das várias exposições do museu. 

“Parte do que estava impulsionando nosso pensamento ao desenvolver o design para o Museu de Astronomia de Xangai foi como poderíamos complementar o conteúdo da galeria e criar um edifício que tornasse as pessoas mais conscientes do céu acima – um edifício que não apenas abrigasse exposições sobre o espaço, mas coloque os visitantes em envolvimento direto com as estrelas“

Thomas J Wong, arquiteto do escritório Ennead Architects. 

por:

Flávia

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Arquitetura Museus pelo Mundo

Museu do Louvre, Paris-França

Série: Museus pelo Mundo

Museu do Louvre, Paris - França

por:

Flávia Baldini

Tempo de leitura: 7 minutos

Referência internacional tanto pela sua importante coleção de obras de arte como pela sua impressionante arquitetura, o Museu do Louvre possui dimensões monumentais e atrai milhares de visitantes todos os anos para visitar suas galerias e exposições diversas.

A controversa renovação do Museu do Louvre, juntamente com as diversas obras inovadoras e modernas de construções e renovações arquitetônicas da “Grande Operações de Arquitetura e Urbanismo” – como ficaram popularmente conhecidas as obras executadas naquele período – também foi idealizada pelo então presidente francês François Mitterrand que, em 1983, convidou o arquiteto sino-americano Ieoh Ming Pei para assumir o projeto de modernização do museu.

Pei tinha pela frente um grande desafio, resolver os problemas de acesso ao museu, criar novas áreas de apoio, ampliar o espaço de exposições disponível e criar uma integração que melhorasse a experiência dos visitantes no espaço. Além desse escopo, o projeto deveria alinhar toda a arquitetura medieval, renascentista, barroca e clássica do Louvre com um projeto moderno e de alta tecnologia.

A proposta de Pei foi criar uma nova entrada no Cour Napoléon marcada por uma grande pirâmide de vidro que impactasse o visitante no momento da chegada e fornecesse iluminação para todo o espaço subterrâneo que abrigaria além da recepção, áreas de apoio e galerias de acesso aos prédios do complexo – função essa exercida também pelas outras três pirâmides menores de vidro que circundam a pirâmide maior e compõe esta parte do projeto.

Inspirada nas proporções da Pirâmide de Quéops, mas em menor escala, a Pirâmide de Vidro do Louvre faz referência aos grandes construtores da história, ao mesmo tempo que representa o desenvolvimento de novas técnicas e materiais construtivos ao longo dos anos, trazendo uma grande estrutura de aço, alumínio e vidro.

Foram despendidos meses de pesquisa para o desenvolvimento de um vidro específico que atendesse as particularidades deste projeto, que exigia a redução dos óxidos de ferro e também da incidência da cor verde na transparência das chapas, resultando em um vidro extra claro para a obra. A fabricação destas chapas de vidro ficou sob responsabilidade da empresa francesa Saint-Gobain, que construiu um novo e moderno forno especialmente para este fim.

O vidro diamante, como foi nomeado pela Saint Gobain, trazia excelentes propriedades mecânicas, perfeita qualidade ótica e transparência igual à lentes de óculos. Se tratava de um vidro laminado extra claro com 21,52mm de espessura total, composto por duas chapas de vidro com quatro filmes de polivinil butiral para atender a especificação de um vidro de segurança necessário para a aplicação a qual se destinava.

Totalizando uma superfície de aproximadamente 1.800m2, a Grande Pirâmide do Louvre possui 673 placas de vidro, sendo 603 losangos – 2,9 x 1,9 m – e 70 triângulos equiláteros – base de 1,9m – e, se considerarmos as três pirâmides menores de vidro que compõe esta parte do projeto, o total de placas de vidro chega a 793, formando uma complexa configuração estrutural.

“Formalmente, é o mais compatível com a arquitetura do Louvre (…), é também uma das formas estruturalmente mais estáveis, garantindo sua transparência, uma vez que é construída de vidro e aço, significando uma ruptura com tradições arquitetônicas do passado. É um trabalho do nosso tempo.”
—I.M. Pei

Posteriormente, em 1993, foi inaugurada a segunda fase do projeto do Grande Louvre, um centro comercial subterrâneo construído em frente ao museu onde se encontra a quinta pirâmide de vidro do complexo, La Pyramide Inversée, ou Pirâmide Invertida.

Invisível vista do lado de fora, a Pirâmide Invertida é uma claraboia com uma estrutura de aço inoxidável e vidro laminado que, além da função de iluminação, marca a interseção das duas principais passagens de entrada para o museu. Com sua ponta suspensa 1,4m acima do nível do piso, a pirâmide faz contraponto à uma pirâmide menor em pedra posicionada logo abaixo dela e quase se tocam.

Em 1995 o projeto foi finalista do Prêmio Benedictus sendo descrito pelo júri como “uma notável anti-estrutura… um uso simbólico da tecnologia… uma peça de escultura. A pirâmide foi concebida como um objeto, mas é um objeto para transmitir luz.”

por:

Flávia

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