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Arquitetura Museus pelo Mundo

Museu Van Gogh

Série: Museus pelo Mundo

Museu Van Gogh

por:

Flávia Baldini

Tempo de leitura: 4 minutos

A ideia da criação de um museu para acomodar o acervo de obras do pintor Vincent van Gogh teve inicio quando seu espólio foi herdado pelo sobrinho do pintor que, juntamente com o governo dos Países Baixos, viu a importância de celebrar e expor a impressionante coleção.

A responsabilidade de projetar o edifício que abrigaria o Museu Van Gogh foi assumida pelo arquiteto holandês Gerrit Rietveld e seu colega J. van Dillen em 1963. Porém, após a morte de ambos, o projeto passou para as mãos de J. van Tricht, de quem recebeu pequenos ajustes ao design original sendo finalizado apenas em 1973.

Entre as demandas levantadas na concepção do projeto estavam a escala do museu em relação aos edifícios do entorno e um átrio principal com incidência de muita luz natural. Entre os principais destaques deste projeto estão a escada em balanço no centro do átrio e a progressiva diminuição da área de cada andar conforme se vai subindo pelo edifício, de modo a proporcionar a visão das galerias abaixo através do átrio principal.

            Assim como muitos museus pelo mundo, o crescente fluxo de visitantes fez com que o museu – e sua ala de exposições projetada em 1999 pelo arquiteto japonês Kisho Kurokawa – necessitasse de uma nova entrada que fosse capaz de originar um novo “todo” surpreendente e ao mesmo tempo se integrar à Museumplein – a Praça dos Museus – onde foi construída.

Projetada pelo escritório Kisho Kurokawa Architect & Associates, a nova entrada tem o vidro – duplo – como elemento construtivo principal, estando presente na fachada, cobertura e escadaria, e garante ao edifício o título de maior vão de vidro da Holanda e uma estrutura de aço inovadora para garantir a estabilidade da cobertura.

Com área total aproximada de 650 m2, a fachada é constituída por placas duplas de vidro laminadas dobradas a frio, onde suas formas foram moldadas in loco durante a instalação. A cobertura de 600 m2 possui formato de concha, ângulo de 16,5o e 30 aletas únicas em comprimento e com altura suficiente para evidenciar ainda mais a curvatura do telhado. Vista como elemento de design no edifício,  a escada de vidro é suportada por um vidro laminado triplo em arco que transfere as cargas elevadas e a estabiliza.

“Asseguramos que o novo hall de entrada seja claro e espaçoso. Queremos capturar a atmosfera ensolarada, o que vimos refletidas em muitas pinturas de Van Gogh. Desenvolvemos uma estrutura de suporte exclusiva para o telhado de vidro, que dificilmente será notada. Ao entrar no museu, você pensa: como todo esse edifício de vidro é suportado? E o que você experimenta é luz, espaço e uma visão geral. A clareza é extremamente importante, talvez o mais importante. As pessoas têm que perceber que um museu é um edifício público, onde todos os dias milhares de visitantes, muitos estrangeiros também, muitas vezes o vêm pela primeira vez. Precisamos fornecer clareza. Os visitantes não querem perder nada, eles precisam entender imediatamente qual caminho a percorrer, como é grande o museu e quanto tempo eles levarão para vê-lo. Quando eles se sentem em casa e à vontade, eles vão ficar por mais tempo e um dia voltarão”.

Fala do arquiteto Hans van Heeswijk.

por:

Flávia

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Arquitetura Museus pelo Mundo

Museu do Louvre, Paris-França

Série: Museus pelo Mundo

Museu do Louvre, Paris - França

por:

Flávia Baldini

Tempo de leitura: 7 minutos

Referência internacional tanto pela sua importante coleção de obras de arte como pela sua impressionante arquitetura, o Museu do Louvre possui dimensões monumentais e atrai milhares de visitantes todos os anos para visitar suas galerias e exposições diversas.

A controversa renovação do Museu do Louvre, juntamente com as diversas obras inovadoras e modernas de construções e renovações arquitetônicas da “Grande Operações de Arquitetura e Urbanismo” – como ficaram popularmente conhecidas as obras executadas naquele período – também foi idealizada pelo então presidente francês François Mitterrand que, em 1983, convidou o arquiteto sino-americano Ieoh Ming Pei para assumir o projeto de modernização do museu.

Pei tinha pela frente um grande desafio, resolver os problemas de acesso ao museu, criar novas áreas de apoio, ampliar o espaço de exposições disponível e criar uma integração que melhorasse a experiência dos visitantes no espaço. Além desse escopo, o projeto deveria alinhar toda a arquitetura medieval, renascentista, barroca e clássica do Louvre com um projeto moderno e de alta tecnologia.

A proposta de Pei foi criar uma nova entrada no Cour Napoléon marcada por uma grande pirâmide de vidro que impactasse o visitante no momento da chegada e fornecesse iluminação para todo o espaço subterrâneo que abrigaria além da recepção, áreas de apoio e galerias de acesso aos prédios do complexo – função essa exercida também pelas outras três pirâmides menores de vidro que circundam a pirâmide maior e compõe esta parte do projeto.

Inspirada nas proporções da Pirâmide de Quéops, mas em menor escala, a Pirâmide de Vidro do Louvre faz referência aos grandes construtores da história, ao mesmo tempo que representa o desenvolvimento de novas técnicas e materiais construtivos ao longo dos anos, trazendo uma grande estrutura de aço, alumínio e vidro.

Foram despendidos meses de pesquisa para o desenvolvimento de um vidro específico que atendesse as particularidades deste projeto, que exigia a redução dos óxidos de ferro e também da incidência da cor verde na transparência das chapas, resultando em um vidro extra claro para a obra. A fabricação destas chapas de vidro ficou sob responsabilidade da empresa francesa Saint-Gobain, que construiu um novo e moderno forno especialmente para este fim.

O vidro diamante, como foi nomeado pela Saint Gobain, trazia excelentes propriedades mecânicas, perfeita qualidade ótica e transparência igual à lentes de óculos. Se tratava de um vidro laminado extra claro com 21,52mm de espessura total, composto por duas chapas de vidro com quatro filmes de polivinil butiral para atender a especificação de um vidro de segurança necessário para a aplicação a qual se destinava.

Totalizando uma superfície de aproximadamente 1.800m2, a Grande Pirâmide do Louvre possui 673 placas de vidro, sendo 603 losangos – 2,9 x 1,9 m – e 70 triângulos equiláteros – base de 1,9m – e, se considerarmos as três pirâmides menores de vidro que compõe esta parte do projeto, o total de placas de vidro chega a 793, formando uma complexa configuração estrutural.

“Formalmente, é o mais compatível com a arquitetura do Louvre (…), é também uma das formas estruturalmente mais estáveis, garantindo sua transparência, uma vez que é construída de vidro e aço, significando uma ruptura com tradições arquitetônicas do passado. É um trabalho do nosso tempo.”
—I.M. Pei

Posteriormente, em 1993, foi inaugurada a segunda fase do projeto do Grande Louvre, um centro comercial subterrâneo construído em frente ao museu onde se encontra a quinta pirâmide de vidro do complexo, La Pyramide Inversée, ou Pirâmide Invertida.

Invisível vista do lado de fora, a Pirâmide Invertida é uma claraboia com uma estrutura de aço inoxidável e vidro laminado que, além da função de iluminação, marca a interseção das duas principais passagens de entrada para o museu. Com sua ponta suspensa 1,4m acima do nível do piso, a pirâmide faz contraponto à uma pirâmide menor em pedra posicionada logo abaixo dela e quase se tocam.

Em 1995 o projeto foi finalista do Prêmio Benedictus sendo descrito pelo júri como “uma notável anti-estrutura… um uso simbólico da tecnologia… uma peça de escultura. A pirâmide foi concebida como um objeto, mas é um objeto para transmitir luz.”

por:

Flávia

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